quarta-feira, 14 de julho de 2010

O goleiro, a moça e o delegado


Sobre esse caso do goleiro, da moça de vida NADA fácil, do delegado falastrão.
Eu havia prometido que não ia mais dar audiência a esses casos policiais. Mas algo nessa história toda me deixou tão perplexa que não consigo deixar de me atualizar.
Não sei se a desestrutura familiar, não sei se o desespero pela fama, não sei se a ambição desenfreada de todos eles. Os três.

O moço que - supostamente - matou, estava iniciando uma carreira vitoriosa no esporte. Sorte pra poucos, quantos querem ser jogadores titulares em um grande time e não conseguem? Meninos do Brasil inteiro idolatravam o garoto mineiro que venceu na vida a duras penas. Filho de pais - no mínimo - desequilibrados, estava chegando ao topo da profissão a que sempre sonhou. Começou a ganhar dinheiro, muito mais dinheiro do que jamais havia visto. Foi então que se perdeu e cruzou a tênue linha que separa a honestidade do crime. Não é vítima, dizem ser o algoz. Mas algo nele me faz repensar o quanto quero cuidar dos meus filhos, amar, educar, trazê-los perto.

A moça, da mesma forma. Sem mãe presente, com um pai de ética duvidosa, criada pelo mundo. Ambiciosa, linda, vazia, sem vocação para os livros e pras cadeiras escolares. Queria ser modelo mas se contentou em atuar como atriz de filmes adultos, acompanhante, prostituta, mulher de vida difícil. Tantas profissões que os telejornais já lhe atribuíram...ela já não está viva - é o que dizem - para dizer da sua versão. Uma vida triste em que acredita-se que um filho equivale a uma profissão, a uma carreira, a um pé-de-meia, como se diz. Para tanto, procurava os jogadores de futebol que são - sabidamente - mestres quando se trata da combinação: muito dinheiro+pouco juízo. Eterna busca pelo conforto que lhe fora roubado, quando criança. Pra isso não tinha limites, não conhecia medo, não dizia 'não' ao perigo.

Aí chegamos ao delegado. Um homem que galgou diversos degraus na Polícia Civil. Era considerado linha dura, talentoso, bom profissional nas reportagens sobre o caso. Ele chefia a investigação do sumiço da moça em Minas Gerais. Eis que as televisões, os veículos impressos, de internet e rádio se interessam pelo caso e lhe bombardeiam com entrevistas coletivas, câmeras e mais câmeras. Aí tem início sua falha: deixa a sua vaidade sobressair ao bom trabalho. A equipe tem feito de tudo para achar os culpados e colocá-los na cadeia. Mas, que circo criou-se por este homem para que seu nome se fale aos quatro ventos, não é?! Hoje começaram a pipocar notícias de que a vida desse mesmíssimo homem - que grita nas reportagens chamando o tal goleiro de 'monstro, psicopata, desequilibrado' - é também marcada por várias desventuras com a lei.

Quem está certo? Quem está errado? Quem matou a moça? Quem quer - realmente - que o caso seja esclarecido? Quem se importa com as vidas que foram modificadas com todo o episódio?

Eu podia aqui falar dos pais da garota que brigam pelo bebê - maior vítima de todo episódio. É um ciclo que parece não acabar, uma criança sem pais. Mas esse é tema para um outro post - é tão complexo! Afinal, está em jogo uma pensão de cerca de 20mil reais mensais.
De tudo, fica uma imensa tristeza com tudo que venho assistindo pela televisão e lendo pelos jornais. Até quando a vaidade e a ambição vão ser mais importantes que a vida?


Que o Poder Superior tenha misericórdia.



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